
comunicamos que a redação do CURTAS estará de recesso entre os dias 24 de dezembro de 2007 e 7 de janeiro de 2008.
A MOPIC, Mobilização dos Povos Indígenas do Cerrado, realizou entre os dias 10 a 13 de dezembro sua 1a. Assembléia Geral na Aldeia Cachoeirinha - T.I. Terena, em Miranda, MS. O encontro contou com a participação de 200 pessoas de 25 povos indígenas dos estados do MS, MT, TO, MA e MG.
No dia 14 de dezembro houve uma Corrida de Toras de Buriti na cidade de Campo Grande e o bloqueio de 4 vias da principal avenida da cidade, Afonso Pena. O principal objetivo do protesto foi chamar atenção dos órgãos governamentais, sociedade civil e meios de comunicação sobre os graves impactos que a produção de biocombustíveis vêm causando às T.Indígenas do Cerrado, assim como exigir a soltura imediata dos presos indígenas (Guarani-Kaiowá) .
Leia também a Carta dos Povos Indígenas do Cerrado, com as reivindicações e posicionamentos políticos que resultaram do evento.
O Centru (Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural) lançará, no próximo dia 12, o projeto "Agroextrativismo: alternativa sustentável e solidária aos povos do Cerrado maranhense - escola técnica agroextrativista". Com apoio da Petrobrás, o projeto visa capacitar profissionalmente 120 famílias agroextrativistas. Serão cerca de 360 mulheres e jovens beneficiados diretamente. A cerimônia de lançamento será no município de João Lisboa, a 13 quilômetros de Imperatriz, e irá das 9 horas ao meio-dia.
O Maranhão tem hoje quase 70% da sua população vivendo abaixo da linha da pobreza. As famílias de trabalhadores rurais perdem seus espaços produtivos frente à expansão dos latifúndios e empreendimentos, que vislumbram em seu planejamento a implantação cada vez maior da monocultura. Por se tratar da raiz do problema da miséria e da fome nos campos brasileiros – especialmente no Nordeste -, torna-se urgente repensar este modelo de desenvolvimento, adequando-o à realidade dos agricultores familiares e suas organizações.
A busca desse novo modelo passa pela concepção de uma agricultura que possa manter-se a partir de seus próprios recursos naturais, reduzindo a sua dependência a insumos agroindustriais, sem abrir mão da eficiência e que contemple aspectos ambientais, sociais, culturais, econômicos, sendo, portanto, auto-sustentável e solidária em todos os seus aspectos.
São estes os fundamentos da proposta que o Centru-MA apresentou ao edital Petrobrás Fome Zero, e que foi aprovada. O projeto envolve seis municípios integrantes da rede de cooperativas de agriculturores e agroextrativistas familiares maranhenses. São eles: Amarante (COOPRAMA), Imperatriz (COOPAI) e Montes Altos (COOPEMI), Pólo Oeste e Estreito (COOPAEMA), São Raimundo das Mangabeiras (COOPEVIDA) e Loreto (COOPRAL). Outros quatro municípios que compõem a área de abrangência do Centru-MA (João Lisboa, Buritirana, Senador La Roque e Cidelândia) também serão beneficiados pelo projeto.
O Maranhão é um dos nove estados que compõem a Amazônia Legal. Situando-se entre as regiões Norte e Nordeste, o que confere uma denominação especial de "estado da região meio-norte", apresenta formações vegetais de transição para a floresta amazônica ao norte/centro-oeste e, ao sul, vegetação característica de cerradão, cerrado e veredas, sendo essas fito-regiões separadas pelo Bioma Cerrado.
Jogo Rápido:
Evento: Lançamento do projeto "Agroextrativismo: alternativa sustentável e solidária aos povos do Cerrado maranhense - escola técnica agroextrativista".
Organização: CENTRU -MA
Data: Dia 12 de dezembro, de 9 às 12 hs.
Local: Ginásio de Esportes da João Lisboa (13 quilômentros de Imperatriz – MA)
Informações: Telefax: 99 3526 4944 / E- mail: centru@jupiter.com.br
As etapas da conferência nacional já estão em andamento seguem o seguinte calendário:
CONFERÊNCIAS
A próxima reunião preparatória será no dia 18 de dezembro. Para mais informações, visite a página do Condraf em www.mda.gov.br/condraf.
A revista Primeiro Plano – Responsabilidade Social & Desenvolvimento Sustentável traz, em sua edição de setembro, reportagem sobre o Cerrado e entrevista com a Coordenadora Geral da Rede, Mônica Nogueira. A matéria, assinada por Michelle Lopes, está na seção Novas Tecnologias Sociais e tem o título “Cerrado: belezas e experiências comunitárias”.
A realização dos estudos atende às reivindicações para ampliação dos limites do território do povo Xakriabá que hoje ocupa apenas um terço da sua terra tradicional. O antropólogo terá 20 dias para a realização do trabalho e o engenheiro agrimensor 15 dias. Segundo a portaria, está estabelecido o prazo de 30 dias para a entrega do relatório topográfico e 180 dias para a entrega do relatório circunstanciado de revisão de limites.
As despesas com o grupo técnico correrão por conta do programa de proteção de terras indígenas, gestão territorial e desenvolvimento, ação demarcação e regularização fundiária de terras indígenas.
Os caciques Domingos Nunes de Oliveira, Santo Xakriabá, Antônio Possidônio e lideranças definidas pelas comunidades acompanharão o trabalho. As áreas de estudo contemplam as reivindicações das aldeias Velha, Rancharia e Morro Vermelho.
Tudo isso acontece depois de uma série de reivindicações e ações de retomadas feitas pelo povo Xakriabá que culminaram com o aumento de violência e discriminação contra o povo na região.
Para obter o óleo da castanha, o babaçu é coletado e beneficiado pelas quebradeiras de coco, que muitas vezes enfrentam as balas dos fazendeiros para ter acesso às áreas particulares onde crescem as palmeiras. Bravas, elas não desistem. Já conseguiram até aprovar leis municipais que garantem o acesso às terras (Lei do Babaçu Livre). São milhares de quebradeiras lutando pelo direito de uso dos babaçuais.
As quebradeiras caminham quilômetros todos os dias pelo mato em busca dos cocos. Recolhem em fardos de até trinta quilos e os carregam às costas até um local onde todas se reúnem e, cantando, quebram os cocos para obter as castanhas, produzir o óleo e depois fabricar os sabonetes. De quebra, ajudam a preservar as palmeiras.
O produto com alto valor social e ambiental agregado mostra que é possível ajudar a preservar a natureza e as comunidades com apenas dois reais. Este é o valor com que o produto chega ao mercado por meio da Central do Cerrado. A organização sem fins lucrativos opera na base do comércio justo e solidário e distribui o sabonete para todo o país.
Contatos: www.centraldocerrado.org.br
por Jaime Gesisky
Com o objetivo de melhor compreender a estratégia energética desenhada pelo governo brasileiro, dentro do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), e suas implicações sociais, ambientais e econômicas, foi realizado em Weimar, na Alemanha, o seminário “Mesa Redonda Brasil”. O evento ocorreu entre os dias 16 e 18 de novembro e reuniu diversas instituições que desenvolvem ou apóiam projetos no Brasil.
Os debates foram organizados em fóruns e mesas redondas. O bioma Cerrado foi foco de duas dessas sessões, com a participação de Carlos Eduardo Mazzetto, Doutor em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Estima-se que 50 milhões de hectares de terras no Brasil serão mobilizados nos próximos anos para monoculturas (cana-de-açúcar, soja, eucalipto), destinadas à produção de energia – uma grande parte no Cerrado. Esse novo plano de desenvolvimento do governo implicará em grande impacto sobre o bioma e seus povos. Mas, infelizmente, as organizações internacionais com atuação na área ambiental e interesse no Brasil pouco sabem sobre o Cerrado, sua diversidade ambiental, social e a sua importância para o equilíbrio do meio ambiente global. Por isso, a Mesa Redonda Brasil foi percebida pela Rede Cerrado como uma importante oportunidade para sensibilizar a opinião pública internacional para a problemática socioambiental do bioma "Especialmente quando todas as atenções estão concentradas sobre a Amazônia e o Cerrado, mais uma vez, tende a ser encarado como uma alternativa ao seu desmatamento", afirmou Mônica Nogueira, coordenadora da Rede.
A Coordenação da Rede Cerrado entende que é preciso realizar uma ampla mobilização, nacional e internacional, para transformar o imaginário social sobre o bioma. O próximo passo, nesse sentido, será a Conferência das Partes da Convenção de Diversidade Biológica, a COP 9, em maio de 2008, que será realizada também na Alemanha.
O evento Mesa Redonda Brasil foi realizado pela Kooperation Brasilien (KoBra), uma uma rede de solidariedade na Alemanha, formanda por instituições e indivíduos. A KoBra é parceira de movimentos sociais brasileiros na luta pela democratização e tem por objetivo uma melhoria sustentável da situação social, econômica e ecológica no Brasil. Seus enfoques são os impactos da globalização para os setores que, social e politicamente, estão à margem da sociedade brasileira. Saiba mais sobre o KoBra em http://kooperation-brasilien
Com o intuito de obter mais recursos para o Cerrado, a Rede Cerrado está discutindo com a Secretaria Executiva do Ministério do Meio Ambiente (MMA) a viabilidade de uma carteira de projetos específica para o bioma. Haverá um novo encontro com o secretário João Paulo Capobianco, no final de novembro, por ocasião de uma nova reunião do Conselho Deliberativo do FNMA.
Outros destaquesHá os outros pontos de destaque na reunião de outubro, relevantes para as ONGs como um todo. Um deles é o retorno, a partir de janeiro de 2008, da contrapartida em bens e serviços economicamente mensuráveis para as organizações não governamentais que conveniarem com o fundo.
Outra importante conquista é a destinação de até 20% do convênio para custeio das despesas da ONG com o projeto. Este recurso servirá para pagar aluguel, luz, telefone, responsável financeiro, apoio técnico e estrutura para a realização dos pregões para as despesas superiores a oito mil reais. A Portaria, que aguarda assinatura da Ministra Marina Silva, prevê cobertura, inclusive, dos encargos sociais relativos às pessoas físicas eventualmente contratadas pelas organizações.
A cidade de Nioaque foi escolhida para receber comunidades que vivem da produção nos campos dos cerrados do Centro-Oeste. De 21 a 23 de novembro, o II Encontro Regional da Rede Cerrado e o Seminário Regional Centro-Oeste sobre o Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário trazem para os visitantes discussões sobre políticas públicas e diversas novidades como uma feira de produtos sustentáveis do Cerrado. Artesanatos, confecções e produtos alimentícios, com as peculiaridades de região deste bioma serão divulgados no município paralelamente às discussões sobre comércio justo e solidário.
Na programação ainda acontece desfile de moda e discussões sobre reforma agrária, mudanças climáticas e políticas públicas para a agricultura familiar, conservação e uso sustentável do Cerrado. Participam dos encontros representantes de governo, organizações não-governamentas, pequenos agricultores, quilombolas, indígenas, artesãos e técnicos vindos de Tocantins, Goiás, Mato Grosso, São Paulo, Distrito Federal e municípios de Mato Grosso do Sul. A feira acontece na Praça da Igreja e as discussões no salão paroquial.
A Rede Cerrado
O II Encontro Regional da Rede Cerrado pretende discutir políticas públicas, ações contra o aquecimento global e divulgar projetos de uso sustentável e de base comunitária.
Em Nioaque, o Ceppec, membro da Rede Cerrado, faz comércio utilizando princípios da economia solidária, gerando alternativas de renda para famílias do assentamento Andalucia. A tecelagem e a comercialização de produtos com a castanha do cumbaru, ou castanha do Cerrado e de outros frutos nativos continua em crescimento. Diversos produtores locais estão lucrando com a venda de fruto que antes apenas servia de alimento ao gado.
Economia Solidária
O Seminário Regional Centro-Oeste do Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário integra o projeto da Faces do Brasil, que está divulgando esta política. A economia solidária é uma forma de trabalhar com a organização de empreendimentos ecologicamente corretos com autogestão e ética. O lucro não é a única finalidade, um dos principais objetivos é melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Em Nioaque, os participantes terão a oportunidade de conhecer a proposta do Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário que, na prática, implementa normas para produtos gerados da economia solidária, que garantam a qualidade com a certificação, inclusive com selos de qualidade.
Conheça aqui a programação completa do evento.
Mais informações:
Rosane Bastos, coordenadora regional da Rede Cerrado (67) 3347 3130
Rosana Claudino (Preta), presidente do Ceppec (67) 9605 0038