terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Pesquisa inédita detalha responsabilidade da agropecuária no aquecimento global

Ema procura alimento em campos de soja no Cerrado.
Foto: Embrapa

A agricultura e a pecuária de larga escala desempenham papel fundamental no dramático processo de mudanças climáticas que o planeta mal começou a enfrentar. É o que afirmam cientistas da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Aberdeen, no Reino Unido.

A agricultura e a pecuária são responsáveis pela produção média anual de 12 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2). Isto representa de 17% a 32% de todas as emissões de gases do efeito estufa provocadas pelo ser humano. Uma das conseqüências do efeito é o fenômeno das mudanças climáticas, que está colocando toda a vida do planeta literalmente em risco.

O uso abusivo de pesticidas e adubos químicos, a degradação dos solos, o desmatamento, a criação intensiva de animais – práticas dominantes no chamado mundo moderno, são a principal causa de todo o problema.

Estas são as conclusões do relatório publicado em janeiro deste ano pelo Greenpeace, “Cool farming: Climate impacts of agriculture and mitigation potential”. A pesquisa foi organizada por Pete Smith - um dos autores do mais recente relatório do Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). Trata-se do primeiro trabalho a detalhar os efeitos diretos e indiretos da agricultura nas mudanças climáticas.

O relatório demonstra, por exemplo, que o uso excessivo de fertilizantes é responsável pela maior parte das emissões de gases do efeito estufa, estando hoje em torno de 2,1 bilhões de toneladas de CO_2 anualmente. O excesso de fertilizantes provoca a emissão de óxido nitroso (N_2 O), que é algo em torno de 300 vezes mais potente que o CO_2 na mudança do clima.

O relatório não se limita a comprovar a insustentabilidade da moderna agricultura industrial. O trabalho encomendado pelo Greenpeace detalha a variedade de soluções práticas que podem reduzir as mudanças climáticas e que são fáceis de ser implementadas, como melhoria das técnicas de gerenciamento de terras cultivadas e a recuperação de solos orgânicos. Segundo o documento esses fatores poderiam modificar a posição da agricultura, de um dos maiores emissores de gases de efeito estufa para uma fonte bem menor de emissões ou mesmo para um sumidouro de carbono.

Para ler o relatório executivo, em português, clique aqui.

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