quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Um triste e alarmante recorde

O número de índios assassinados no Brasil em 2007 aumentou quase 50% em relação ao ano anterior. No Mato Grosso do Sul, essa triste estatística cresceu em quase 150%. Este foi o maior número de casos levantados pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). O motivo também é histórico: fazendeiros tomando terras à força.

Em janeiro de 2007, a rezadeira Xurete Lopes, de 70 anos, uma liderança do grupo Guarani, foi assassinada por seguranças particulares durante uma retomada de terra. Seis meses depois, Ortiz Lopes, outro líder do mesmo grupo, foi morto na porta de seu barraco. Segundo testemunhas, a mando de um fazendeiro.

Ortiz e Lurete estão entre os 76 indígenas que foram assassinados no Brasil durante o ano de 2007. O levantamento é feito a partir de depoimentos e acompanhamento sistemático de notícias veiculadas pela mídia nacional. Mato Grosso do Sul teve o maior número de ocorrências, com 48 casos. Em seguida está Pernambuco, com oito crimes.

O Cimi avalia que a principal razão para o aumento da violência é o confinamento ao qual os indígenas são submetidos. Isto se evidencia nos dados que mostram que dos 48 assassinados ocorridos no Mato Grosso do Sul, 14 aconteceram em Dourados, onde há a maior concentração de indígenas por hectare.

Estas e outras estatísticas e análises sobre as violações dos direitos indígenas em 2006 e 2007 serão publicadas em abril, pelo Cimi, sob o título Relatório de Violência contra Povos Indígenas no Brasil. O relatório trará números sobre ameaças, invasões de terras indígenas, tentativas de assassinato, mortes por falta de assistência, suicídio, falta de atendimento médico, entre outros.

Rede Cerrado

A REDE CERRADO tem divulgado neste espaço casos de trabalho escravo e assassinatos entre indígenas do Mato Grosso do Sul. Grande parte do quadro de violência apresentado pelo Cimi está relacionada a conflitos de terra. De um lado, os habitantes históricos do Cerrado sul-matogrossense e, de outro, fazendeiros ligados ao agronegócio.

É evidente a relação entre o avanço das fronteiras agrícolas e o aumento da violência no campo. O novo ciclo da cana-de-açúcar é, literalmente, o combustível desta situação.

Leia também a Carta dos Povos Indígenas do Cerrado, elaborada pela Mobilização dos Povos Indígenas do Cerrado, em sua primeira assembléia, realizada em dezembro passado, em Aquidauana, MS.

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