terça-feira, 31 de julho de 2007

Etanol "come a paisagem" do Cerrado, diz jornal


Uma matéria publicada nesta terça-feira (31), no jornal Washington Post afirma que, depois da pecuária e do plantio de soja, outra atividade está causando a destruição do Cerrado brasileiro: o plantio de cana-de-açúcar para a fabricação de etanol.


Em reportagem intitulada "Perdendo a floresta para abastecer carros", o diário americano diz que nos últimos 40 anos o Cerrado perdeu metade de sua área em conseqüência dessas atividades.

Um analista da fundação Conservation International, baseada nos EUA, disse ao jornal que a taxa de desflorestamento do Cerrado é mais alta que da Amazônia, e que se o ritmo for mantido toda a vegetação que caracteriza o Centro-Oeste do país poderia desaparecer até 2030.

"O governo brasileiro e grandes companhias de agronegócio dizem que a expansão da soja e da cana-de-açúcar não necessariamente significa devastação do Cerrado, onde vivem cerca de 160 mil espécies de animais, muitos em perigo de extinção", diz o Post.

"Eles dizem que plantam em terras degradadas e pastos abandonados, melhorando a qualidade e a produtividade do solo."

"Mas grupos ambientais argumentam que, à medida que a soja e a cana-de-açúcar substituem a pecuária e colheitas menos lucrativas, os fazendeiros penetram em áreas virgens do Cerrado."

O jornal lembra que tanto a soja quanto a cana-de-açúcar para o etanol são produtos fundamentais na pauta agrícola brasileira. A produção de ambos os produtos no Brasil tende a crescer para suprir a demanda dos EUA, diz a reportagem.

No início deste ano, o presidente americano, George W. Bush, anunciou que até 2022 pretende elevar para 36 bilhões de galões por ano a demanda americana por etanol, seis vezes mais que o volume que pode ser refinado nos EUA.

Um porta-voz da empresa de agronegócio Bunge disse ao jornal que, "se os EUA iniciarem uma corrida em direção ao (plantio de) etanol, os preços da soja tendem a subir, e a demanda será coberta pelo Brasil".

O porta-voz disse ainda que, com amplas áreas de plantio ainda disponíveis, o Brasil poderia ver sua produção de soja dobrar em três ou quatro anos.

"O Cerrado é perfeito para a agricultura, e será usado (se houver demanda) – não há dúvida em relação a isso", disse o porta-voz da Bunge, segundo o Post.

:: fonte: BBC Brasil

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