Os índios Kinikinau sonham em voltar a ter um território próprio para preservar seus costumes ancestrais. Hoje, há cerca de 500 Kinikinau espalhados pelo Mato Grosso do Sul, pois esse povo não dispõe de uma reserva própria. "Hoje o nosso povo está solto, a gente mora de favor nas reservas dos outros", reclama Ambrósio Góis, 53 anos. A terra, diz ele, é o que vai definir a diferença entre a preservação da cultura, da etnia, ou a extinção dos costumes que são transmitidos geração a geração.
O principal elemento cultural que vem definindo a identidade desses índios é o idioma Kinikinau. Nele, o termo Wakashutem tem grande importância política. Significa "Lagoa da Capivara", nome da terra de onde foram expulsos em 1932, no governo de Getúlio Vargas.
A Wakashu é uma área de 10 mil hectares fincada na divisa dos municípios sul-mato-grossenses de Miranda e Aquidauana, no sul do Pantanal. A terra vem sendo reivindicada desde o final dos anos 90, mas ainda não há uma posição conclusiva do governo federal se a reserva Kinikinau será criada. "Na terra dos outros não há liberdade, não dá para preservar a cultura porque tem mistura", diz Góis, que émorador da aldeia São João, em Porto Murtinho, cuja maioria da população pertence a outra etnia, os Kadiweus.
A cerâmica é uma das tradições que os Kinikinau mantêm viva pelas mão de gente como Agda Roberto, 53 anos, e Zeferina Moreira, 65. Chamada Moté Ypoti, a cerâmica difere da convencional em muitos pontos. Ao invés do forno, o barro é queimado com lenha para se transformar em utensílios rústicos como tigelas, vasos e pequenas esculturas. O processo de queima com lenha dá às peças uma tonalidade mais clara e não uniforme às peças, que recebem o acabamento de corantes feitos à base de sementes de plantas do Cerrado.
por Graciliano Rocha
:: fonte: Campo Grande News
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