terça-feira, 15 de abril de 2008

Cana-de-açúcar invade zona biodiversa do Cerrado

Uma total de 142 mil hectares de Cerrado - o equivalente ao tamanho da cidade de São Paulo - considerados prioritários para abrigar unidades de conservação foram transformados em canavial na safra 2006/2007. Os dados são de estudo do ISPN (Instituto Sociedade, População e Natureza).

O Cerrado é o segundo bioma mais ameaçado pelo desmatamento no Brasil. Com 39% de sua área desmatada, fica somente atrás da Mata Atlântica, da qual restam de 7% a 24% (dependendo da conta que se faça). Ambientalistas temem que a febre dos biocombustíveis acelere a devastação do Cerrado e empurre a pecuária de lá para a Amazônia.

O Ministério do Meio Ambiente atualizou em 2007 seu mapa das áreas dos vários biomas brasileiros que devem receber prioridade para o estabelecimento de unidades de conservação pelo Instituto Chico Mendes. Foi nesse mapa que se baseou o estudo do ISPN.

Os dados da atualização foram cruzados com informações do Canasat, um sistema de sensoriamento remoto criado para mapear as áreas com canaviais em oito Estados brasileiros.

A lista é liderada por São Paulo (86 mil hectares desmatados), seguido por Minas Gerais (25 mil), Goiás (13 mil), Mato Grosso (12 mil) e Mato Grosso do Sul (6.000).

Para o coordenador de política públicas do ISPN, Nilo D'Avila, a solução para o problema depende de políticas do governo federal para incentivar a expansão da cana em áreas subutilizadas por outras culturas.

Sertãozinho

Segundo o estudo do ISPN, 60,5% do desmatamento em áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade no Cerrado ocorreu no Estado de São Paulo - maior produtor de açúcar e álcool do país.

Na região de Sertãozinho, por exemplo, duas áreas consideradas prioritárias para a preservação, uma classificada pelo Ministério do Meio Ambiente como "extremamente alta" e outra como "muito alta", estão sendo ocupadas pela cana.

Dentro da área de prioridade "extremamente alta" funciona uma usina. Além disso, outras duas usinas funcionam nas proximidades, o que impulsiona a devastação. De acordo com D'Avila, as áreas podem receber parques de suporte à reserva biológica de Sertãozinho, uma unidade de conservação já estabelecida no local.

Ambas, de acordo ele, poderiam ser ligadas à atual reserva biológica por meio das matas ciliares e dos rios da região e colaborariam para preservar as espécies locais.

D'Avila também afirma que a região é importante para a preservação de características da transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado.

Goianésia

Apesar de São Paulo concentrar o maior índice de desmatamento do estudo, o Centro-Oeste é apontado por D'Avila como a região onde existem mais áreas com características originais de Cerrado que podem ser desmatadas.

Ele aponta como exemplo as proximidades da cidade de Goianésia, no Estado de Goiás, onde o avanço dos canaviais coloca em risco atividades agroextrativistas na região.

"Lá existe uma série de produtos muito consumidos regionalmente e que sustentam quantidade significativa de famílias", afirma D'Avila.

Fonte: Agência Folha

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Abril Indígena vai analisar a situação dos direitos dos índios no Brasil


Cerca de 800 indígenas de todo o país devem se reunir no Acampamento Terra Livre entre os dias 15 e 17 de abril, o principal evento do Abril Indígena, conjunto de manifestações indígenas que ocorre no mês de abril, e que está em sua quinta edição. O tema central do evento será a análise da situação dos direitos indígenas e da política indigenista no Brasil, no contexto dos 20 anos da Constituição Federal. Serão priorizadas as discussões sobre a aprovação do Estatuto dos Povos Indígenas (paralisado no Congresso há mais de 13 anos)e sobre a criação do Conselho Nacional de Política Indigenista.

Outro objetivo será avançar na consolidação da articulação do movimento indígena nacional para aprimorar o controle social das políticas públicas voltadas aos povos indígenas.

Eixos temáticos

Durante a apresentação da programação, serão também detalhados os eixos temáticos do Acampamento: saúde indígena; territórios indígenas (demarcação, proteção, desintrusão e sustentabilidade); educação indígena; regulamentação dos direitos indígenas (Conselho Nacional de Política Indigenísta, Estatuto dos Povos Indígenas e matérias correlatas); e violência e criminalização contra os povos indígenas.
A coletiva - marcada para as 10h30 desta terça-feira, 15 de abril, na Esplanda dos Ministérios - terá a participação de:

:: Marcos Xukuru – integrante da CNPI (Comissão Nacional de Política Indigenista)

:: Uilton Tuxá – representante indígena no Conselho Nacional de Saúde/ Coordenador da Apoinme (Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo)

:: Joênia Wapichana – CIR (Conselho Indígena de Roraima)

:: Jecinaldo Sateré-Mawé – Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira)

:: Saulo Feitosa – Cimi/CNPI (Conselho Indigenista Missionário e Comissão Nacional de Política Indigenista)

:: Gilberto Azanha – CTI/CNPI (Centro de Trabalho Indigenista / Comissão Nacional de Política Indigenista)

:: Ana Paula Caldeira Souto Maior – ISA (Instituto Socioambiental)

O Acampamento Terra Livre é organizado pela Articulação dos Povo Indígenas do Brasil – Apib (Coiab, Apoinme, Arpinsul e Arpipan) e pelo Fórum em Defesa dos Direitos Indígenas – FDDI (Coaib, Apoinme, CIR, Foirn, CTI, Cimi, Inesc, Isa, Comin, Arpinsul, Arpipan, Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Indígenas, Anai, ABA e Opan).

Confira a programação:

Dia 15 (terça-feira)

10:30 - Coletiva para imprensa

13:30 - Abertura oficial :: Boas-vindas :: Apresentação da Programação (antecedentes, objetivos, temas, atividades) :: Apresentação das Delegações :: Fala das lideranças das Organizações regionais

16:00 - Painel: Direitos Indígenas e Legislação Nacional e Internacional :: Situação dos direitos indígenas e da política indigenista, no contexto dos 20 anos da Constituição Federal :: Instrumentos Internacionais de proteção e promoção dos direitos dos povos indígenas (Convenção 169 da OIT) e Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas :: Mecanismos nacionais e internacionais de defesa e proteção dos direitos indígenas :: Debate

20:00 - Apresentação do Documento Final do Abril Indígena 2007 :: Apresentação de vídeo Abril Indígena 2007

Dia 16 (quarta-feira)

08:30 - Grupos de Trabalho Temáticos - diagnóstico, reivindicações e propostas para a efetivação dos direitos indígenas: • Saúde Indígena • Terras Indígenas: demarcação, proteção, desintrusão e sustentabilidade • Educação Indígena • Regulamentação dos direitos indígenas (APL Conselho Nacional de Política Indigenista, PL Estatuto dos Povos Indígenas e matérias correlatas) • Violência e criminalização contra os povos indígenas

:: Grupo de Trabalho das lideranças das organizações indígenas regionais (Coiab, Apoinme, Arpinsul, Arpipan, Mopic): situação, estratégicas e perspectivas da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil

10:00 - Audiências no Congresso Nacional, com o Presidente do Senado e o Presidente da Câmara dos Deputados

14:30 - Relato dos Grupos de Trabalho temáticos e da Articulação Nacional do Movimento Indígena :: Debate

Dia 17 (quinta-feira)

08:00 - Plenária :: Discussão e aprovação do documento Final do ATL / Abril Indígena 2008

09:30 – Plenária :: Painel com autoridades, a partir da apresentação do Documento Final • Ministros da Saúde, Justiça, Meio Ambiente e Educação • Outros órgãos: Funai, Procuradoria Geral da República (PGR)/6a. Câmara, Advocacia Geral da União (AGU), Secretaria Especial de Direitos Humanos, Presidência do Incra :: Debate: fala de lideranças do ATL e resposta das autoridades à tarde: :: Audiência no STF :: Audiência com o Presidente Lula :: Ato Público na Praça dos Três Poderes :: Encerramento na Rampa do Congresso Nacional

Contatos

Paulino Montejo (Coiab) – (61) 3323.5068/9952.4583
comunicacao@coiab.com.br ou ascomcoiab@terra.com.br

Marcy Picanço (Cimi) – (61) 2106-1650/9979-7059
imprensa@cimi.org.br

Clarissa Tavares (Cimi) – (61) 2106-1650/9979-6912
editor.porantim@cimi.org.br

Edvard Magalhães (CTI) – (61) 3349-7769/8114-0932
comunicacao@trabalhoindigenista.org.br

Katiuscia Sotomayor (ISA) – (61) 3035-5114
katiuscia@socioambiental.org.br

Fonte: ISA.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Assentamentos terão 'crédito ambiental'

Depois de impor um "arrocho ambiental" nas atividades de grandes e médios produtores na Amazônia por meio de restrições fundiárias, de crédito e até penais, o governo prepara medidas para frear o desmatamento ilegal da floresta em assentamentos de reforma agrária.

Considerados um dos principais vetores da derrubada da Amazônia, os assentamentos rurais terão um programa de "crédito ambiental" para financiar a conservação da floresta em pé e a recuperação de áreas degradadas na região. O Ministério do Desenvolvimento Agrário ainda não decidiu o tamanho da linha nem os limites de crédito e as eventuais culturas beneficiadas.

"Vamos dar crédito para manter a floresta em pé", disse ontem o diretor do Incra, Raimundo Lima, em audiência pública que reuniu deputados de cinco comissões temáticas da Câmara.

Na mesma reunião, dominada por críticas de parlamentares ruralistas contra ONGs ambientalistas, o Ministério do Meio Ambiente anunciou que negocia a criação de uma nova linha de financiamento do BNDES para projetos de desenvolvimento sustentável, além de um fundo de captação de recursos no exterior para alavancar ações de preservação da Amazônia. "Precisamos assumir uma nova agenda de financiamento e desenvolvimento de novas tecnologias", disse a ministra Marina Silva. Além de defender-se das críticas de produtores rurais contra o "arrocho ambiental", a movimentação do governo está relacionada ao "preocupante avanço" do desmatamento na Amazônia detectado a partir de agosto de 2007. Na audiência, o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilberto Câmara Neto, informou ter registrado 552 pontos de "alerta de desmatamento" na Amazônia no primeiro bimestre de 2008. Os dados, segundo ele, correspondem a 71% de todos os alertas gerados em todo o ano de 2007. Câmara disse que 36 dos 40 pontos checados em campo pelos pesquisadores do Inpe em fevereiro tinham aspectos de "corte raso" e outros quatro sinalizavam um "início de degradação". "É uma situação grave", disse ele.

O diretor do Inpe informou a identificação de 346 pontos de alerta na região entre novembro de 2006 e maio de 2007 - medida que recuou para 421 pontos em novembro e dezembro de 2007. "Tem havido uma redução no desmatamento, mas a curva começou a inverter-se nos últimos seis meses com um avanço de 10% no total", disse o secretário-executivo do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco. Ele disse que o governo tem adotado várias ações para combater a tendência. O desmatamento, informou, recuou nos últimos anos. Dos 27 mil km² devastados em 2004, a derrubada recuou a 18 mil km² em 2005 e para 14 mil km² em 2006. No ano passado, foram desmatados 11,2 mil km².

Bastante concorrida, a audiência pública teve discussões acaloradas e registrou uma sutil divergência entre os ministros Marina Silva (Meio Ambiente) e Reinhold Stephanes (Agricultura). Ao reafirmar que "não é preciso derrubar mais florestas para ampliar a produção agrícola", Stephanes criticou a "distorção" de adotar o conceito de Amazônia Legal e, por tabela, uma recente portaria de Marina. "A ministra incluiu 15 milhões de hectares no bioma Amazônia, por portaria, de municípios no Cerrado", disse. "Isso, para a Agricultura, tem um entendimento diferente." Em resposta, Marina Silva rejeitou a crítica: "Se levaram os prejuízos com esse conceito (Amazônia Legal), também temos que usar esse conceito para barrar o desmatamento e as práticas ilegais", afirmou. "A ministra do Meio Ambiente não é contra usinas ou agricultura, mas que os outros ministros também não sejam contra a proteção ambiental."

Fonte: Mauro Zanatta/Valor Econômico

Sobre a portaria que redimensionou o bioma amazônico

A portaria ministerial a Portaria nº 96, do Ministério do Meio Ambiente, que incluiu 86 novos municípios sob o bioma amazônico, foi assinada pela Ministra Marina Silva em 27 de março de 2008. Vários dos municípios incluídos pela portaria, no recorte da Amazônia localizam-se nos estados do Maranhão, Mato Grosso e Tocantins, em área de Cerrado, e estão sob forte pressão da fronteira agrícola.

A portaria foi elaborada de acordo com o disposto do Decreto nº 6.321, publicado no ano passado, após divulgação dos dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe), relacionando os municípios com os mais altos índices de desmatamento na Amazônia Legal.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Pesquisa descobre novas espécies de vertebrados no Cerrado

Lagarto Stenocercus quinarius, por Cristiano Nogueira.

Pesquisadores de universidades brasileiras e da ONG Conservação Internacional (CI-Brasil) afirmam ter encontrado 14 "prováveis novas espécies de vertebrados" durante expedição na Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins.

Os 26 pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), do Museu de Zoologia da USP, da Universidade Federal de São Carlos, da Universidade Federal do Tocantins e da CI-Brasil passaram 29 dias na reserva para o levantamento e mapeamento das espécies. A expedição é parte de um projeto financiado pela Fundação O Boticário de Conservação da Natureza, e conta também com o apoio da ONG Pequi - Pesquisa e Conservação do Cerrado.

Ao todo, 440 espécies foram registradas: 259 aves, 61 mamíferos, 52 répteis, 40 anfíbios e 30 peixes.

Segundo o coordenador da expedição, o biólogo Cristiano Nogueira, do Programa Cerrado-Pantanal da CI-Brasil, entre as 14 prováveis novas espécies da região estão oito peixes, três répteis, um anfíbio, um mamífero e uma ave.

"Foram obtidos dados inéditos sobre a riqueza, a abundância e a distribuição da fauna de uma das mais extensas, complexas e desconhecidas regiões do Cerrado", afirmou o biólogo.

"Os novos dados geram uma visão melhor da riqueza de espécies da maior estação ecológica do Cerrado, cuja fauna ainda era pouco estudada", acrescentou Nogueira.

Até mesmo no grupo dos lagartos, relativamente bem conhecido devido às amostragens recentes na região do Jalapão e no Cerrado, foram encontradas espécies desconhecidas e novos registros de distribuição.

Uma espécie de lagarto recém-descrita por membros da equipe e conhecida de poucas regiões do Cerrado foi encontrada, por exemplo, na porção mais ameaçada da unidade, no planalto da Serra Geral na Bahia.

Além das 14 novas espécies, a expedição também obteve vários registros de espécies ameaçadas, como a arara azul grande, a suçuapara, o tatu-bola, o pato-mergulhão, entre outros.

"Esse tipo de levantamento é imprescindível para aumentar nosso conhecimento básico sobre a biologia das espécies", disse Luís Fábio Silveira, do Departamento de Zoologia da USP.

"A partir dele, podemos obter dados sobre a anatomia, a biologia reprodutiva, o ciclo de vida e a alimentação das espécies, o que nos auxilia em futuros programas de conservação", acrescentou.

Os resultados consolidados serão utilizados como subsídio para a elaboração do plano de manejo da estação ecológica, criada em 2001, e ainda em fase de implantação.

Saiba mais no sítio da CI-Brasil: www.conservation.org.br

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Brasil confirma recorde perverso

Relatório do Banco Mundial (Bird) divulgado ontem (8), mostra que entre 2000 e 2005 o Brasil foi o país que mais desmatou no mundo. Seriam 31 mil quilômetros quadrados de floresta derrubada anualmente, segundo o órgão. Em segundo lugar aparece a Indonésia, desmatando 18,7 mil km2 por ano. O Sudão está em terceiro, com 5,9 km2.

A lastimável liderança brasileira tem ainda outros agravantes. Primeiramente, esta notícia não é nova. Em 2006, por ocasião da COP 8 (Oitava Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica), realizada em Curitiba, PR, o Greenpeace já havia feito o alerta. A ONG ambientalista divulgou pesquisa intitulada "O Mapa da Recuperação", apontando, entre outros destaques, que a América Latina é a região com mais áreas florestais intocadas no mundo, sendo que mais da metade (55%) é brasileira. "O Brasil possui 19% das áreas virgens do mundo", diz o estudo. "Mas é o que mais desmata".

Em 2007 foi a vez do Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) lançar o alerta, ao publicar relatório que afirma que 74% da área desmatada na América do Sul entre 2000 e 2005 estava no Brasil.

As informações do Bird, publicadas ontem, fazem parte do Relatório de Monitoramento Global 2008, que avalia o status de cumprimento das Metas do Milênio. De acordo com ele, a perda de área florestal no planeta foi de 73 mil km2 por ano, no período analisado. A África Subsaariana, a região que mais derrubou, desmatou cerca de 47 mil km2. A América Latina e Caribe, segundos colocados nesta perversa competição, deram fim a 41 mil km2 de florestas anualmente.

O segundo agravante está na restrição dos debates e das análises. Imprensa e demais instituições insistem em centrar o foco apenas na Amazônia. Apesar de não monitorar outros biomas como a Mata Atlântica e o Cerrado, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) afirma que a Floresta Amazônica é onde mais se desmata no Brasil, embora a média de desmatamento da região tenha caído dos 27 mil km2, em 2004, para 22mil km2, em 2005. No entanto, o Cerrado, segundo maior bioma da América Latina, já vinha sofrendo forte pressão pelo agronegócio, que substituiu grandes áreas de mata nativa, principalmente por monocultura de soja e pastagens. Com o advento do biocombustível este quadro tende a se agravar ainda mais – em nome do desenvolvimento.

Baseada em análise de fotos de satélite, a pesquisa divulgada pelo Greenpeace em 2006 aponta que atualmente menos de 10% da área florestal do mundo é de mata intocada. Segundo o estudo, esse pequeno espaço que sobrou abriga metade de toda a biodiversidade do planeta, mas apenas 8% dele está em áreas protegidas. Para 82 países, floresta virgem já virou coisa de livro de história. Em 66 ainda há áreas florestais intactas mas, ao contrário do Brasil, elas não passam de 10% de seus territórios.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Krugman: “Precisamos reagir contra os biocombustíveis, que revelaram ser um erro terrível”

“Eu falo sobre a crise de alimentos. Nos últimos dois anos os preços do trigo, milho, arroz e outros alimentos básicos dobraram ou triplicaram, com grande parte do aumento ocorrendo nos últimos poucos meses.” Assim o economista Paul Krugman inicia seu artigo publicado nesta semana no jornal The New York Times. Crítico da chamada “Nova economia”, termo cunhado na década de 90, Krugman, autor de 20 livros e mais de 200 artigos, é hoje professor de Economia e Assuntos Internacionais da Universidade de Princeton. A gravidade do tema não é dissimulada em suas palavras, afirmando que “Os altos preços dos alimentos são realmente devastadores nos países pobres, onde os alimentos freqüentemente são responsáveis por mais da metade das despesas de uma família.”

Ao analisar os motivos dos aumentos, o economista considera fatores que chama de “tendências de longo prazo”, como o aumento da população consumidora e, também, fatores climáticos, como secas e demais conseqüências do aquecimento global. Mas é na política vigente que Krugman centra seu fogo, e o vilão tem nome claro: biocombustível.

Segundo o economista, o etanol produzido a partir do milho, o que ocorre em larga escala nos Estados Unidos, não é viável. “Mesmo nas estimativas otimistas”, afirma, “a produção de um galão de etanol de milho usa grande parte da energia que o galão contém”.

A prática brasileira também não escapa à mira de Paul Krugman, que a considera danosa ao ambiente. “Na verdade”, afirma o economista em seu artigo, “até mesmo políticas de biocombustíveis aparentemente "boas", como a usada pelo Brasil com o etanol de cana-de-açúcar, aceleram o ritmo da mudança climática ao promover o desmatamento.”

Para ler a íntegra do artigo, clique aqui.
(Restrito a assinantes do UOL)

segunda-feira, 7 de abril de 2008

FMI reconhece a necessidade de investimentos em produtos e tecnologias ambientais

A mudança climática é uma catástrofe global em potencial e um dos maiores problemas coletivos que o mundo enfrenta", segundo o relatório divulgado duas vezes por ano pelo FMI, World Economic Outlook.

Para frear o aquecimento global, o FMI sugere um plano de aumento em todo o mundo das cotas de carbono. As emissões de dióxido de carbono são a principal conseqüência do efeito estufa que está aumentando a temperatura no mundo.

Essa atitude "induziria à necessidade de investimentos e consumo de produtos e tecnologias mais ecológicos, que emitam menos gases na atmosfera."

De acordo com o FMI, os cálculos da política de mitigação que serão introduzidas em 2013 com o objetivo de estabilizar concentrações de dióxido de carbono equivalentes a 550 partes por milhão até 2100 implicariam uma redução de apenas 0.6% no consumo mundial até 2040. Mesmo com essa perda, estima o estudo, o Produto Interno Bruto (PIB) ainda seria 2,3 vezes maior em 2040 do que em 2007

Por outro lado, é necessário contar com a participação de todos os países já que as economias emergentes serão responsáveis por 70% das emissões durante os próximos 50 anos.

Fonte: Yahoo Finanças

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Curso de design em Permacultura


Cada vez mais difundida no mundo, a permacultura se firma como uma alternativa real para as crises que a chamada civilização enfrenta nos dias atuais, como a produção de alimentos saudáveis em consonância com preservação do meio ambiente.

Quem quiser aprender sobre esta técnica, pode procurar o IPEC, Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado, localizado na cidade de Pirenópolis, GO. Entre os dias 20 e 27 de abril será realizado o curso Permacultura, Design e Consultoria. O curso explica detalhadamente todos os conceitos da Permacultura como, a sua ética, os princípios de design e as suas devidas aplicações em áreas diversificadas.

No PDC os participantes também exercitam os ensinamentos adquiridos nas aulas, desenvolvendo a elaboração real de um design permacultural em uma determinada área ou propriedade.

A cidade de Pirenópolis está a 63Km de Anápolis, 117Km de Goiânia e 160 Km de Brasília. O Ecocentro, aonde será realizado o curso, está localizado na zona rural da cidade, aproximadamente 3km de Pirenópolis.

Inscrições e mais informações podem ser obtidas em: http://www.lojaverde.com.br/

Conheça o IPEC

O Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado é uma organização estabelecida em Pirenópolis, Goiás, para desenvolver oportunidades de educação e referências em sustentabilidade para o Brasil. O Ecocentro IPEC mantém um centro de referência, em que desenvolve soluções práticas para os problemas atuais das populações brasileiras, incluindo estratégias de habitação ecológica, saneamento responsável, energia renovável, segurança alimentar, cuidado com a água e processos de educação de forma vivenciada.

Desde sua formação, em julho de 1998, o Instituto tem capacitado pessoas e prestado serviços comunitários para populações rurais do Cerrado Brasileiro, bem como cooperado internacionalmente com organizações da África, Ásia e das Américas.

Saiba mais no sítio: http://www.ecocentro.org/

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Além da expectativa

Um estudo de mais de 20 anos, liderado por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), vem revelando a cada dia mais informações sobre o cerrado, a segunda maior biodiversidade brasileira. Desta vez, os cientistas chegaram a um número inédito sobre a quantidade de plantas: são pelo menos 12 mil, quantidade catalogada por um grupo que inclui docentes da UnB, da Embrapa e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Esta é a primeira contagem ampla do bioma no País e demonstra a riqueza biológica dessa vegetação”, comemora a professora do Departamento de Engenharia Florestal (EFL) Jeanine Maria Felfili. A lista inclui todo o tipo de árvores, cipós, gramíneas e samambaias, ou seja, a flora vascular, que conta com vasos para o transporte de nutrientes, o que exclui microorganismos.

A empolgação dos pesquisadores se justifica pelas estatísticas anteriores. Para se ter uma idéia, em 1998, o mesmo grupo havia catalogado apenas seis mil espécies, e as perspectivas indicavam um máximo de 10 mil delas. Após uma década, já é possível falar, com segurança, em até 20 mil diferentes plantas. “Os dados superaram em muito as nossas expectativas. Mais do que nunca, o cerrado se torna a savana mais rica do mundo”, diz a pesquisadora.

Em sua maioria, as novas espécies incluem arbustos, ervas, gramíneas e bambus. Nesse período, a equipe teve várias surpresas, entre elas, a de que 70% das ervas apresentam potencial farmacêutico, segundo relatos de moradores das regiões analisadas. Neste grupo de espécies estão descritos gêneros e espécies novas de árvores para a ciência. Famílias, Gêneros e Espécies são as maneiras que as plantas se agrupam na hierarquia botânica. No momento da escolha dos nomes, os cientistas fizeram homenagens, como a espécie Altoparadisum chapadensis. As palavras aludem ao local onde a planta foi encontrada, o município de Alto Paraíso, porta de entrada para a Chapada dos Veadeiros, em Goiás.

Metodologia

O trabalho envolveu pesquisas de herbário e de campo em praticamente todo o bioma Cerrado e, particularmente, em 25 chapadas nos nove estados por onde o cerrado se espalha: Bahia, Maranhão e Piauí, na região Nordeste, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, na região Centro-Oeste, Tocantins, na região Norte, e São Paulo e Minas Gerais, na região Sudeste. Apenas na Chapada dos Veadeiros, localizada a 230 km de Brasília (DF), há mais de 2.661 plantas diferentes.

Essa estratégia permitiu ao grupo de pesquisa aumentar as chances de encontrar novos exemplares, uma vez que as plantas não se distribuem igualmente e qualitativamente por todos os 2 milhões de km² do cerrado. “Há grupos de espécies generalistas, que ocorrem por todas as áreas, mas há também as próprias de cada local, em função do clima e do solo”, explica.

Em cada região, foram selecionados pontos de coleta nas extremidades e nas partes centrais de cada espaço geográfico. As visitam aconteceram de uma a duas vezes por ano, uma na estação seca e outra na época de chuvas. “Pegamos amostras de tudo o que estava florido ou com fruto, pois é por essas estruturas que diferenciamos uma espécie de outra”, diz a engenheira.

Além das plantas encontradas diretamente no campo, os pesquisadores percorreram herbários (unidades de estudos botânicos que guardam coleções de exemplares) em busca de mais registros de exemplares não catalogados por eles, a fim de complementar a listagem.

Após a recolha, os indivíduos foram levados para laboratórios nas instituições nacionais envolvidas e também no exterior. Nesses locais, houve a identificação dos vegetais por meio de microscópios e outros aparelhos.

Peculiaridades

As descobertas, entretanto, não se restringiram ao inventário de espécies. Os estudos também envolveram uma radiografia sobre as características do bioma em termos de biomassa. O resultado? Uma média de 300 m³ de material orgânico por hectare, número próximo àquele estimado nas áreas abertas de floresta amazônica.

Nessa conta, computou-se também o que está sob a terra, ou seja, as raízes, somando-se ao que se vê na superfície, ou seja, troncos, galhos e folhas. “Existe muita biomassa no solo. Há árvores de cinco metros de altura, cujas raízes se estendem por até 20 metros abaixo do solo”, aponta a engenheira.

Dentro dessa mesma linha, verificou-se ainda a proporção de biomassa para as paisagens que compõem o bioma Cerrado, ou seja, as matas de galeria que circundam as regiões de nascentes e margens de rios, as matas que crescem em terrenos arenosos, e as savanas em si, com gramíneas e árvores esparsas. “As florestas apresentam de três a quatro vezes mais volume de material vivo na parte aérea, acima dos solos, que as planícies de cerrado”, diz Jeanine.

Repercussão

Para a professora, estas informações devem ajudar a conter o desmatamento do bioma por meio da definição de áreas de preservação pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), que leva em conta esse tipo de informação ao elaborar políticas de preservação. Em 2000, o bioma Cerrado foi classificado pela organização não-governamental norte-americana Conservação Internacional (Conservation Internacional) como hot spot, ou seja, uma das áreas do mundo ricas em espécies e com grandes ameaças de desmatamento.

Jeanine espera que a ampliação do conhecimento sobre o bioma Cerrado estimule a exploração sustentável dessa biodiversidade. Isso ocorreria com a incorporação de produtos da região na matriz econômica, por exemplo, as frutas nativas. “A economia na região é muito voltada para a produção de grãos. O palmito de gueroba, o baru e o açaí têm muito mais nutrientes que mandioca ou arroz, que são puro carboidrato”, justifica. Para a professora, a atitude é fundamental para manter a vegetação. “Se quisermos manter a biodiversidade, temos que incorporá-la à economia”.

Para além das questões financeiras, a vegetação em pé também contribui para a saúde do planeta, uma vez que atua como paliativo para o aquecimento global ao seqüestrar o carbono da atmosfera (o elemento acumula-se na biomassa das plantas durante o crescimento), além de amenizar o clima e proteger os mananciais hídricos.

Contato: Jeanine Maria Felfili Fagg <felfili@unb.br>.

Fonte: Daiane Souza/Secom-UnB

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Mato Grosso do Sul entra para o banco de reserva na produção de energia elétrica


Estimativas afirmam que o estado do Mato Grosso do Sul está com energia para dar e vender. A produção de álcool desta safra terá um crescimento de 34%, passando dos 900 milhões para 1,12 bilhões de litros.

O estado também já cadastrou dez usinas para participarem do leilão de energia de reserva que será realizada até o fim de abril. É a primeira vez que o governo federal investe nesta ação. O objetivo, segundo autoridades, é ter usinas térmicas como uma espécie de reserva para o setor elétrico, entrando em operação em caso de escassez de chuvas ou problemas nas outras usinas. Tendo como principal fonte o bagaço da cana-de-açúcar, essas usinas a base de biomassa devem fornecer cerca de dois mil megawatts para a indústria.

O que não entra na conta de autoridades públicas e empresários são os custos ambientais e sociais envolvidos na expansão das monoculturas de cana-de-açúcar - para muitos, uma nova ameaça disfarçada de verde. Afinal, além do desmatamento de vastas áreas nativas de Cerrado, o modelo está fortemente associado à violação de direitos dos trabalhadores do campo, incluindo indígenas, no caso particular do Mato Grosso do Sul.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Orçamento quilombola: entre o previsto e o gasto

O Inesc divulga a Nota Técnica nº 139, intitulada "Orçamento quilombola: entre o previsto e o gasto" na qual realiza uma análise das perspectivas propostas pelo Orçamento 2008 para este segmento da população brasileira. Embora sejam consideradas mais favoráveis do que nos anos anteriores, o Inesc chama a atenção para a necessidade de que haja um movimento da sociedade civil e de organizações quilombolas para pressionar o governo e efetivar os gastos previstos e buscar, assim, promover políticas que possam ampliar a inclusão dessas comunidades.

Se levada em conta a previsão orçamentária, as perspectivas para 2008 são mais favoráveis que nos anos passados. Aos três programas estruturantes – Brasil Quilombola, Gestão da Política de Promoção da Igualdade Racial e Programa Cultura Afro-brasileira - estão sendo destinados R$ 122,32 milhões. Além disso, há mais R$ 150,25 milhões para ações identificadas em 10 outros programas orçamentários. Entre os três principais programas, o único que teve recursos cortados na reta final do processo de aprovação do orçamento 2008 pelo Congresso Nacional foi o Brasil Quilombola, que perdeu no total (entre cortes e acréscimos) cerca de R$ 15,33 milhões.

Clique aqui para ler a nota técnica na íntrega.

Manifesto em Defesa dos Direitos Quilombolas

Além da nota técnica, o Inesc também disponibiliza um manifesto assinado por articulações quilombolas e organizações da sociedade civil, no último dia 28 de março. O manifesto defende a constitucionalidade do Decreto 4.887/2003 que regulamenta o procedimento para titulação das terras quilombolas e rejeita as mudanças propostas pelo Incra, por meio da Instrução Normativa 20/2005, por representar um retrocesso na garantia dos direitos desse segmento da população brasileira.

Clique aqui para ler o manifesto na íntegra.

Fonte: INESC.