Relatório do Banco Mundial (Bird) divulgado ontem (8), mostra que entre 2000 e 2005 o Brasil foi o país que mais desmatou no mundo. Seriam 31 mil quilômetros quadrados de floresta derrubada anualmente, segundo o órgão. Em segundo lugar aparece a Indonésia, desmatando 18,7 mil km2 por ano. O Sudão está em terceiro, com 5,9 km2.
A lastimável liderança brasileira tem ainda outros agravantes. Primeiramente, esta notícia não é nova. Em 2006, por ocasião da COP 8 (Oitava Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica), realizada em Curitiba, PR, o Greenpeace já havia feito o alerta. A ONG ambientalista divulgou pesquisa intitulada "O Mapa da Recuperação", apontando, entre outros destaques, que a América Latina é a região com mais áreas florestais intocadas no mundo, sendo que mais da metade (55%) é brasileira. "O Brasil possui 19% das áreas virgens do mundo", diz o estudo. "Mas é o que mais desmata".
Em 2007 foi a vez do Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) lançar o alerta, ao publicar relatório que afirma que 74% da área desmatada na América do Sul entre 2000 e 2005 estava no Brasil.
As informações do Bird, publicadas ontem, fazem parte do Relatório de Monitoramento Global 2008, que avalia o status de cumprimento das Metas do Milênio. De acordo com ele, a perda de área florestal no planeta foi de 73 mil km2 por ano, no período analisado. A África Subsaariana, a região que mais derrubou, desmatou cerca de 47 mil km2. A América Latina e Caribe, segundos colocados nesta perversa competição, deram fim a 41 mil km2 de florestas anualmente.
O segundo agravante está na restrição dos debates e das análises. Imprensa e demais instituições insistem em centrar o foco apenas na Amazônia. Apesar de não monitorar outros biomas como a Mata Atlântica e o Cerrado, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) afirma que a Floresta Amazônica é onde mais se desmata no Brasil, embora a média de desmatamento da região tenha caído dos 27 mil km2, em 2004, para 22mil km2, em 2005. No entanto, o Cerrado, segundo maior bioma da América Latina, já vinha sofrendo forte pressão pelo agronegócio, que substituiu grandes áreas de mata nativa, principalmente por monocultura de soja e pastagens. Com o advento do biocombustível este quadro tende a se agravar ainda mais – em nome do desenvolvimento.
Baseada em análise de fotos de satélite, a pesquisa divulgada pelo Greenpeace em 2006 aponta que atualmente menos de 10% da área florestal do mundo é de mata intocada. Segundo o estudo, esse pequeno espaço que sobrou abriga metade de toda a biodiversidade do planeta, mas apenas 8% dele está em áreas protegidas. Para 82 países, floresta virgem já virou coisa de livro de história. Em 66 ainda há áreas florestais intactas mas, ao contrário do Brasil, elas não passam de 10% de seus territórios.
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